_O Café Gourmet Santa Monica vem diversificando sua linha de produtos e investindo em tecnologia do plantio à pós-colheita para aumentar a produção, melhorar a qualidade dos grãos e alcançar um público cada vez maior. A ideia é entrar em grandes corporações, indústrias e também no chão de fábrica. “Por que os funcionários de fábricas não podem tomar um café de excelência?”, pergunta o CEO da empresa, Arthur Moscofian.
Segundo o empresário, a Santa Monica foi pioneira no segmento de cafés gourmet, para o qual toda a produção é direcionada. O pioneirismo foi importante para fidelizar mercados como o de restaurantes. “Somos referência no mercado nacional. Estamos procurando entrar nas grandes corporações e no chão de fábrica e, a pedido do público, começamos a entrar nos supermercados.”
Há cerca de dez anos, a Santa Monica começou a fazer cafés de marca própria (private label) para outras empresas. “Nunca procuramos fazer, sempre fomos demandados. Hoje esse é um dos nossos diferenciais”, explica Artur. “Estão entrando muitas empresas. Nós gostamos de saber que as empresas estão colocando nosso café, um café de qualidade, com a marca delas. Quem sabe torrar café bom não sabe torrar café ruim e vice-versa”, diz.
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Desde o começo a empresa destinou a maior parte do café que produz em Machado, no sul de Minas Gerais, para o mercado interno. “70% de toda a nossa produção fica no Brasil. Oferecemos o melhor café que o Brasil produz para o brasileiro degustar”.
Com a diversificação, o Café Santa Monica encontrou uma forma de capilarizar o produto dentro nos supermercados. “Não importa onde o cara estiver se ele quiser um café Santa Monica ele vai tomar”. Segundo o empresário, o sucesso da marca está relacionado à sua própria inquietação. Ele diz que a empresa tem uma atitude bastante agressiva no mercado.
“Nossos clientes não trocam nosso café porque temos 35 anos com o mesmo padrão. “Nós participamos junto com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BCSA) e com a Apex Brasil de feiras no exterior. Vemos com o que o pessoal está trabalhando, qual é o ponto de moagem, o ponto de torra, o que mais sai. Degustamos e entramos no mercado de peito aberto”.
Foi assim que Santa Monica trouxe com exclusividade para o Brasil o “café de bolso” ou drip coffe, como são chamados os sachês com café moído e hastes flexíveis encaixados nas bordas de copos e xícaras e coados na hora.
Campo
O padrão é alcançado nos 100 hectares plantados com café arábica na fazenda do sul de Minas, a primeira propriedade a cultivar café na região. A fazenda tem investimentos constantes em tecnologia. Desde a origem até a torrefação, todo o processo de produção é controlado para garantir a qualidade dos produtos oferecidos em grãos, pó, capsulas e drip coffee.
No plantio, Arthur explica que, a partir deste ano, pelo sexto ano consecutivo a fazenda vai utilizar os organominerais, um material orgânico misturado à terra juntamente com o adubo químico em pequenas quantidades. “Também usamos adubo de esterco de vaca e de galinha, que funciona junto por 5 anos na lavoura. Nós colocamos à disposição do pé de café o cloreto de potássio e o fósforo, que está disponível no solo, mas não para a planta comer”.
Antes, segundo o empresário, a fazenda usava 100% de adubos químicos. “Agora, com o organomineral, estamos diminuindo a fertirriação e deixando mais para a irrigação. Com a utilização dos organominerais, o empresário espera deixar de utilizar o adubo químico. “Isso não tem mais volta. Você pode fazer na fazenda e pode ter uma grande quantidade de café a mais”. Neste ano, segundo Artur, os organominerais serão produzidos na própria fazenda.
Os investimentos recentes nas instalações da fazenda chegaram a R$ 2,5 milhões. “Buscamos secadores e tecnologia para não perder café descascando e já tiramos a umidade em coco na própria caixa. Não tem desperdício”, diz Arthur. Uma das últimas novidades foi a aquisição de uma máquina de cor a laser para a separação dos grãos logo após a colheita. Para a secagem, são utilizados 6 tanques de 15.000 litros, o que dá à fazenda a capacidade de secar 90 mil litros do grão.
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“Eu aproveitei o que tinha de melhor no mercado e trouxe para cá. Pesquisei bastante. No processo de secagem nós já tínhamos secadores rotativos e pátios de secagem. Tínhamos três triciclos que ficavam rodando o café. Hoje temos 6 caixas de 15 mil litros cada uma. Em seis dias eu tenho o café seco. Eu deixo três dias no secador de caixa e depois passo para o rotativo.”
Para a safra deste ano, que começa a ser colhida a partir de maio, a Santa Monica espera colher 100% do café plantado. No ano passado foram colhidos 37%. “Vai ter aperto. Nós temos que fazer dinheiro pra colocar mais caixa depois. Faremos reinvestimentos aos pouco, não podemos dar passos maiores do que podemos alcançar.”
Mas o trabalho, segundo Arthur, vale a pena. Ele explica que, ao contrário do café commodity, que demanda grandes áreas e tem margens de centavos, os cafés gourmets têm margem de reais. Na opinião do empresário, o commodity tem muito espaço mas já não vende tanto, enquanto os gourmets têm cem vezes mais lucro com espaço menor de recebimento, de estocagem e de gôndolas.
“Dentro de uma cafeteria, de um restaurante ou de uma panificadora, nosso café vende a terceira xícara para o consumidor no mesmo dia. O café ruim vende uma xícara só. O cara perde a oportunidade de vender três vezes os outros produtos que ele tem. Mas o coração está aqui na fazenda. Se não tivermos café de qualidade já era”.
* O jornalista viajou a convite do Café Gourmet Santa Monica.
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