A urgência de produzir carne de qualidade, saborosa e em volume, visando dar resposta a um mercado crescente, leva criatórios tradicionais a estabelecer franquias, sociedades e parcerias. O objetivo é disseminar a genética de ponta, permitindo a pequenos e médios pecuaristas o acesso à tecnologia a preços compatíveis com a atividade.
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Como a Nova Vida, de Quadra, e a Verdana Agropecuária, de Itatinga, ambas no interior paulista, cuja proposta principal é preparar touros para cruzamento industrial, tecnologia moderna e eficaz que une a capacidade de produzir carne saborosa do gado europeu com a rusticidade conhecida do zebuíno.
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“O crescimento acelerado da cruza entre os zebuínos, como o nelore, com taurinos, como o senepol, mostra que a experiência deu certo no Brasil. Vai permanecer, pois é preciso produzir carne de qualidade sob um clima muito quente”, afirma Ricardo Arantes, diretor da Nova Vida. “Nesse sentido, o touro senepol, que consegue cobrir a vacada a campo, dá resposta positiva e está sendo muito solicitado nas fazendas.”
“Em parceria com produtores do Sul, estamos produzindo reprodutores angus genuinamente brasileiros, ou seja, simulando as condições de pasto. Eles são direcionados à vacada nelore exclusivamente”, afirma Bruno Grubisich, diretor da Verdana. A angus é a raça que mais vende sêmen no Brasil.
Segundo Ricardo Arantes, a oferta de reprodutores senepol no país é exígua. A raça chegou há apenas 18 anos e a demanda por touros é alta. Ele lembra que a monta natural no Brasil é empregada por 90% dos produtores e reside aí o principal motivo de incentivo para a “fábrica de touros” que a Nova Vida lançou em parceria com a SMZTO, do empresário José Carlos Semenzato.
José Carlos é experiente no setor de franquias multissetoriais e agora está investindo no agronegócio, setor considerado por ele altamente promissor. “No caso da pecuária de corte, estimamos um crescimento robusto, por conta da carência de genética”, destaca.
Ricardo Arantes é filho do introdutor do senepol no Brasil, João Arantes Filho. Ele diz que é a primeira franquia de genética bovina do país. Sua meta é ambiciosa: produzir e comercializar 20 mil touros senepol ao ano no sistema de franquia. “Nesse primeiro ano de operações, foram negociados 500 reprodutores, número que deve saltar para 5 mil em cinco anos.”
Ricardo informa que os franqueados terão todo o suporte da Nova Vida e das empresas credenciadas para o projeto. “Há assistência na seleção das receptoras e na execução dos protocolos de fertilização in vitro (FIV) e transferência de embriões (TE). Embriões sexados de machos da marca Nova Vida são implantados nas fêmeas.” Segundo ele, o laboratório farmacêutico Biogénesis Bagó, outro parceiro no projeto, montou estratégias de vacinação, vermifugação e controle de quaisquer enfermidades que possam interferir na fertilidade das receptoras e no desempenho futuro dos reprodutores.
Ricardo adianta ainda que a Nova Vida vai ajudar na divulgação e na comercialização dos touros por todo o país. “Estamos ao lado do parceiro, portanto. Desde a implantação do embrião até a venda final. Somos os primeiros a atuar nesse sistema completo.” Ele diz que o trabalho já envolve oito fazendas franqueadas.
Nelorista tradicional, Bruno Grubisich investe pesado na seleção da raça britânica angus e também tem por objetivo o cruzamento industrial. “Vamos desenvolver um plantel próprio e diferenciado de angus puros, entre fêmeas e machos, com avaliações genéticas consistentes e ideais para cruzamento industrial e para o modelo de produção a pasto nas condições tropicais do Brasil”, diz.
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A família de Bruno possui fazendas no interior de São Paulo e em Mato Grosso, onde mantém um rebanho de 2 mil vacas nelore. Ele afirma que pretende utilizar a genética angus também nessas vacas, tendo como meta a produção de animais cruzados. “São ideais para produção de carne de qualidade.” Para produzir touros angus, a Verdana montou uma parceria com criadores tradicionais da raça do sul do país, onde ela é mais desenvolvida, principalmente no Rio Grande do Sul.
Hoje, já são 12 propriedades que entregam os garrotes em Itatinga para a prova de desempenho, baseada em índices importantes para a pecuária moderna, como qualidade de carcaça, rusticidade e precocidade.
O programa é intitulado Centro de Referência Angus (CRA). O diferencial do trabalho comandado pela Verdana, explica Bruno, é a avaliação totalmente direcionada à criação nacional de angus. Essa genética “genuinamente brasileira” traz segurança para o uso em cruzamento industrial de acordo com a realidade adotada pelas fazendas de cria no Brasil. “Eu lembro que o sêmen importado dos EUA, largamente usado no Brasil, é selecionado em sistemas de confinamento total e baseado em dietas de alto grão. Na Verdana, durante três meses, os tourinhos angus recebem uma dieta que simula as condições de pasto. O animal ganha até 1,2 quilo ao dia.” Segundo o pecuarista, “a ideia básica do CRA é substituir o sêmen importado dos EUA, principalmente”.
Na primeira edição do CRA, 65 animais participaram. A segunda edição está acontecendo e 92 animais sendo avaliados. Depois, vários deles são vendidos em um leilão. Seja na comercialização regida pelo martelo ou nas vendas de sêmen, o resultado financeiro é dividido entre a Verdana e seus parceiros.
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A primeira fornada de touros foi leiloada em julho do ano passado. O movimento foi considerado bom: 59 touros jovens saíram por R$ 710 mil. A liquidez, porém, agradou plenamente.
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