O risco de rompimento de outra barragem da Vale aumentou o alerta e a apreensão em Brumadinho (MG). Por vota das 5h30 deste domingo, foi emitido um alerta relacionado à barragem 6 do complexo da empresa. Em função disso, o trabalho de resgate, que tinha sido retomado no final da madrugada, foi interrompido. Cerca de 24 mil pessoas estão sendo evacuadas do município.
A barragem já vinha sendo monitorada. No sábado (26/1), ao bloquear R$ 5 bilhões da Vale para reparo dos danos causados pela tragédia, a Justiça de Minas Gerais determinou que a empresa adotasse medidas para garantir a estabilidade do local.
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O rompimento da barragem 1 da mina Córrego do Feijão, na última sexta-feira (25/1) causou interrupção de estradas, destruiu casas, vegetação e atingiu a zona rural.
Um pontilhão por onde passava uma linha de trem não resistiu e cedeu. Sem parte dos trilhos, o restante da via virou um “mirante” da tragédia de Brumadinho. O Ministério da Agricultura estima que cerca de 180 propriedades rurais, especialmente pequenas, foram atingidas.
“Daqui você começa a ver o tamanho da tragédia”, diz Willas Ferreira, morador da região do Córrego do Feijão, em um ponto de estrada, que leva ao lugar onde ficavam as estruturas da Vale atingidas pelos rejeitos da barragem.
A estrada foi interrompida. No local, a lama corria como um riacho, ora mais rápida, ora mais lentamente. “Tenho amigos que estão desaparecidos. Eles falam em desaparecidos, mas quem sobrevive em uma lama dessas?”, lamenta Willas, deixando logo depois o local.
Em outro ponto, um grupo de pessoas revolvia a terra enlameada. “Estão procurando um corpo”, comenta um observador da situação. O grupo utilizava facões, enxadas e pedaços de pau. Até uma picape virou ferramenta para ajudar na remoção de troncos de árvores caídas.
"É meu tio que estão procurando”, conta Gerveson Bueno. “As coisas dele estão ali”, diz, apontando para algumas roupas. A quantidade de pessoas para ajudar na busca aumentava ao longo da tarde. Mas foram encontrados apenas pedaços de móveis, eletrodomésticos e de concreto.
No dia seguinte a mais um desastre ambiental de grandes proporções, helicópteros sobrevoavam as áreas atingidas. Um campo de futebol em frente a uma igreja serve como local de pouso das aeronaves e para onde corpos eram trazidos, com forte presença da polícia, dos bombeiros e de curiosos, muitos registrando com telefones celulares.
Próximo do campo, o Salão Comunitário do Córrego do Feijão se tornou local de informações e de apoio, com listas de nomes de desaparecidos e pessoas buscando informações e algum amparo. Além de organizações não governamentais, agentes de defesa civil e representantes da Vale, que anunciou “ajuda humanitária” para as vítimas da tragédia.
Em nota, a mineradora informou ter disponibilizado mais de um milhão de litros de água potável, acomodações para mais de 800 pessoas, além de ambulâncias e um helicóptero de apoio ao resgate. Reiterou lamentar profundamente o acidente e acrescenta que a prioridade é apoiar os resgates.
Abaixo um video feito pela equipe da Globo Rural e por moradores locais.
Brumadinho teve estado de calamidade pública decretado, o que facilita a remessa de recursos federais. Neste domingo (27/1), deve chegar um reforço de Israel, oferecido pelo primeiro ministro Benjamin Netanyahu. O presidente Jair Bolsonaro, que sobrevoou o local da tragédia no sábado, prometeu, Via Twitter, que o governo fará o que estiver ao seu alcance para atender vítimas, apurar fatos, cobrar justiça e prevenir novas tragédias semelhantes
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou a mineradora em R$ 250 milhões. Os motivos foram causar poluição que pode resultar em danos à saúde humana, tornar área urbana ou rural imprópria para ocupação humana, causar poluição hídrica que interrompa abastecimento, provocar a morte de espécies da biodiversidade e lançar rejeitos de mineração em recursos hídricos.
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