Uma conjunção de fatores climáticos e fitossanitários deverá fazer a produtividade cair até 10% na safra 2018/19 de soja em Mato Grosso, em relação ao recorde histórico do ano passado.
A estimativa foi feita pelo agrônomo Leandro Zancarano, diretor técnico da Fundação MT, empresa privada que atua em diversos segmentos de pesquisa agronômica no Estado.
Segundo ele, a opção majoritária pela soja precoce, com o objetivo de favorecer o plantio de segundas safras de milho e algodão, acabou sendo prejudicada pela falta de luz e chuva nos períodos críticos da formação dos grãos.
"Esta foi uma safra em que o componente climático interferiu. O plantio começou muito bem, nem falta nem excesso de chuvas. O processo foi concluído num curto espaço de tempo", relatou.
Nos meses de novembro e dezembro, o excesso de nuvens comprometeu a luminosidade. Nos últimos dias do ano, a chuva não veio. O impacto acabou sendo mais sentido nas variedades de ciclo curto.
"A irregularidade ocorreu justamente no período de enchimento dos grãos. Quanto às variedades de ciclo longo, a falta de luz também interferiu negativamente", explicou.
Zancarano diz esperar uma redução entre 7% e 10% na produtividade em média. Um resultado que, embora significativo, exige que se considere os números inéditos obtidos nas duas safras anteriores. "A queda é em relação a essas safras excepcionais, não em relação à média histórica".
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Além do clima, segundo ele, fatores fitossanitários também contribuíram para o resultado. A ocorrência do nematóide de cisto, segundo ele, foi bem mais sentida nas lavouras do Estado nesta safra.
"Minha suspeita é que começamos a cultivar sucessivamente materiais com altíssima produtividade, mas baixa resistência a nematoide de cisto. Então não é só clima, são consequências de opções do passado" afirmou.
A mancha alvo (também conhecida como "doença de final de ciclo), que era considerada um problema secundário em outros anos, também resultou em prejuízos. "A intensidade aumentou, com perdas muito elevadas".
Este panorama da safra foi apresentado pelo diretor em coletiva de imprensa realizada no Centro de Aprendizagem e Difusão da entidade, localizado no município de Nova Mutum (230 km de Cuiabá).
Em pauta, a primeira edição de 2019 do "Fundação MT em Campo", evento que reunirá, na quinta-feira (24) e na sexta-feira (25), pesquisadores, estudantes e produtores de região médio norte do Estado.
O objetivo é não apenas apresentar os mais recentes resultados de pesquisas desenvolvidas pela entidade e seus parceiros, como também discutir assuntos relacionados ao lema do evento "Integração: a chave que abre novos horizontes".
Entre os destaques, está o painel que apresentará uma análise econômica da rotação de culturas em sistema de plantio direto. Realizado ao longo de dez anos, o trabalho foi feito em parceria com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) e revelou boas notícias para os produtores.
"Hoje Mato Grosso está com solo de modo geral mais produtivo do que no passado. Esse sistema produtivo, com a intensificação, está aumentando a capacidade do solo de produzir, sem aumentar necessariamente a quantidade de insumos".
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