A Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) manifestou, em nota divulgada nesta sexta-feira (4/1) "discordância e preocupação" quanto à recomendação da Associação dos Produtores de Milho e Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT) de que agricultores do Estado façam o plantio da oleaginosa para produção de sementes próprias a partir de 1º de fevereiro, e não até 31 de dezembro, que é o recomendado por técnicos.
"A redução da janela de semeadura da soja foi proposta por diversos pesquisadores do Consórcio Antiferrugem, rede que congrega a elite da pesquisa brasileira no assunto", argumentou a Andef. "É medida de fundamental importância na preservação da eficácia dos defensivos agrícolas, um consenso entre a comunidade acadêmica do Brasil."
Segundo a Andef, a redução da janela de semeadura contribuiu não só para o manejo da ferrugem asiática mas para preservação dos defensivos voltados ao manejo de outras pragas, como nematoides, lagartas, percevejos, moscas-brancas e plantas daninhas resistentes. Conforme a associação, a "ponte verde" criada pelas longas janelas de cultivo pode causar resistência aos defensivos agrícolas.
"Sobretudo no cenário de oferta reduzida de opções de controle, a severidade no cumprimento de medidas legislativas ganha fundamental importância no manejo fitossanitário, no intuito de preservar a sustentabilidade das tecnologias existentes", disse a associação.
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No dia 18 de dezembro, a Aprosoja-MT divulgou nota informando que foi aprovada, em assembleia geral da associação, a recomendação de plantio de semente de soja para uso próprio em fevereiro, mesmo com a Instrução Normativa 002/2015, do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) determinando que a semeadura fosse realizada somente até 31 de dezembro. O associado que decidir plantar para salvar semente em fevereiro terá o respaldo jurídico da associação, conforme o comunicado.
Na ocasião, o presidente da Aprosoja, Antonio Galvan, disse que a norma impõe ao agricultor mato-grossense dois períodos de vazio sanitário – entre dezembro e junho, com a proibição do plantio, além do período regulamentado por lei, de 16 de junho a 15 de setembro. "Estão ignorando a experiência do campo do produtor rural. Este é um assunto econômico, que favorece as empresas de sementes", afirmou.
Conforme Galvan, a associação procurou empresas de pesquisa para que realizassem estudos para comprovar se há eficácia em relação à ferrugem asiática com a proibição de plantio depois de dezembro. "Nenhuma quis fazer a pesquisa, estivemos na Embrapa, no Indea, na Fundação MT. Não tivemos respostas sobre a gravidade do problema." A associação disse ainda que solicitou formalmente ao governo do Estado a discussão do assunto, mas que não obteve resposta.
A Aprosoja-MT orientou o produtor a não plantar mais do que 5% da área total semeada com soja em fevereiro e reforçou a proibição total de plantio de soja sobre soja. Outras orientações são de que o plantio deverá ser informado ao Indea-MT, que ocorra somente em fevereiro – e não em dezembro e janeiro – e que produtores usem fungicidas de ação multissítio e façam rotação de princípios ativos.
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