Entre os peixes indicados para criação em confinamento, a tilápia é um dos mais cobiçados pelos piscicultores brasileiros, colocando o país na quarta posição de produtor mundial, segundo dados de 2017 da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). No cultivo de pescados no mercado interno, representa mais de 50% de participação. O avanço da tilapicultura no Brasil ocorre graças a uma combinação de fatores, incluindo desde o uso de modernas técnicas de manejo até uma preferência da demanda nacional.
De lida fácil e boa adaptação às condições climáticas do país e aos diferentes sistemas de cultivo existentes aqui, a tilápia dispõe de um pacote tecnológico desenvolvido exclusivamente para a espécie, permitindo aos produtores de todos os tamanhos o acesso a uma atividade rentável. É um dos peixes mais tolerantes às águas com baixa oxigenação, ambientes com bruscas oscilações de temperatura e resistente a doenças.
Também a favor do aumento da produtividade da tilápia criada em tanques-rede ou em viveiros, as rações para o peixe ganharam mais qualidade nos últimos anos. Um dos benefícios da alimentação melhorada foi a redução do tempo de engorda alcançada pela criação, intensificando a produção em pequena e grande escala.
No varejo, a tilápia é o pescado mais vendido, sobretudo nos Estados do centro-sul, onde há grande oferta, variedade de cortes e facilidade para encontrar o peixe em supermercados, feiras livres e restaurantes. Porém, o consumo per capita da espécie, que não chega a 2 quilos por ano em todo o território nacional, mostra que ainda há um grande potencial de crescimento para a atividade.
Bastante apreciada pelos consumidores, a carne branca da tilápia possui textura firme, mas é leve e saborosa, além de ser saudável e conter poucos espinhos. Muito versátil, pode ser servida inteira, em filés ou em pequenos pedaços nas versões frita, empanada, grelhada, assada, crua – como sushi, sashimi e ceviche, por exemplo – e em diversas outras receitas culinárias, entre elas moqueca, ensopados e tortas.
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A criação de tilápia também pode render lucros ao piscicultor com a venda de subprodutos do peixe. Após curtida, a pele torna-se um couro valorizado, especialmente se enviado para o exterior. O aproveitamento de rabo, escamas, vísceras e carcaças tem como finalidade complementar a refeição de outros animais e produzir adubos para a agricultura.
Originária do Rio Nilo, na África, a tilápia é um peixe de água doce com corpo coberto por escamas, medindo de 20 a 40 centímetros. O macho de suas centenas de espécies apresenta velocidade de crescimento duas vezes maior em relação às fêmeas, vantagem que estimulou a realização de estudos e pesquisas para elaborar um procedimento de reversão sexual da tilápia. Para aumentar a população de machos, alevinos são alimentados em laboratório com ração misturada com hormônio masculino.
INÍCIO Para comprar alevinos de tilápia, saiba que a safra vai de outubro até abril. Com a diminuição da temperatura das águas e do período de luz solar, os meses entre maio e setembro são considerados de entressafra do peixe. As variedades mais produzidas aqui são nilótica, tailandesa e gift. Dê preferência para exemplares com 1,5 centímetro de comprimento e pesando 1 grama.
AMBIENTE Caracterizado como um peixe resistente, a tilápia cresce bem em todas as regiões do país. Contudo, gosta mais de locais onde as águas possuem temperaturas menos frias. Recomenda-se também manter o pH ao redor de 7. Para corrigir a acidez, se for necessário, incorpore no viveiro calcário dolomítico. A transparência da água deve alcançar de 30 a 60 centímetros de profundidade.
TANQUES rede são indicados para propriedades que contam com algum tipo de represamento de água, como açude, lago ou até rio que passe por perto. Mas, se a ideia for escavar tanques, é preciso realizar terraplenagem, instalar tubulações e solicitar licença ambiental. As opções de estrutura são de alvenaria, fibra ou chapa galvanizada. Deve contar com um monge ou um cotovelo articulado na parte mais funda, para dar vazão aos resíduos da alimentação e dejetos. Estime um peixe por metro quadrado para calcular o tamanho do viveiro, porém, preencha com 20% a mais devido à ocorrência de mortes.
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SISTEMA Com aeração noturna nos tanques permite ainda ampliar em 40% o número mínimo de tilápias em cada viveiro. A entrada de água nos tanques precisa ter, pelo menos, um fluxo constante para manter os níveis de oxigênio dissolvido, além de contribuir para um maior rendimento da produção e evitar o acúmulo de detritos, proliferação de doenças e mortalidade dos peixes. Em criatórios sem capacidade de abastecimento por gravidade, o uso de tecnologia de recirculação de água tem o melhor custo-benefício.
ALIMENTAÇÃO É bastante variada, pois a tilápia é onívora e, por isso, não tem restrições em relação ao que come. Pode se satisfazer com organismos criados a partir da fertilização do tanque, favorecendo a redução de custos da atividade. No entanto, a ração industrializada vendida em lojas de produtos agropecuários acelera o desenvolvimento.
REPRODUÇÃO Já é possível no quarto mês de vida para algumas fêmeas. Em média, são registradas quatro desovas por ano, número que pode ser ampliado de janeiro a dezembro em criações localizadas em regiões com clima mais quente. As mães protegem os ovos mantendo-os na boca até a eclosão, que leva três dias para ocorrer e libera de 800 a 1.000 filhotes.
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