Na semana passada, uma equipe do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), das Nações Unidas, visitou oito cidades do interior do Piauí para avaliar os resultados do programa Viva o Semi Árido, que teve início em 2013, e planejar novas ações. O objetivo é diminuir os índices de extrema pobreza na zona rural do Estado, em que 29% das pessoas têm renda per capita de no máximo R$ 70 por mês e 18% recebem até R$ 140 mensais. O projeto, que conta com recursos da ordem de US$ 40 milhões, provenientes de aportes dos países membros da ONU, é voltado a mulheres, jovens e comunidades quilombolas de 89 municípios do interior no Piauí. “Visitamos as áreas atendidas e constamos os resultados”, diz Haidi Vieira, oficial de programa do FIDA.
O projeto beneficiou quase 72.500 pessoas, sendo cerca de 50 mil mulheres, que participaram de atividades direcionadas à agricultura familiar, ovinocultura, avicultura, apicultura e artesanato, entre outras. Cerca de 75% do público atendido conquistou um aumento de 20% da renda mensal. “Em muitos casos, isso significa sair da faixa de pobreza”, explica Vieira.
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O programa possui várias frentes – uma delas acontece dentro de casa. Os moradores são incentivados a cultivar hortas, com orientações sobre quais espécies têm mais condição de resistir ao tempo quente e seco do semiárido. Para isso, contam com assistência para desenvolver métodos de irrigação, viabilizados por meio de equipamentos de reutilização da água e construção de cisternas. A intenção é que as pessoas possam ter quintais produtivos, com alimentos adaptados às condições de solo e meteorológicas da região, com o objetivo de enriquecer as refeições e gerar renda. Os resultados já são visíveis, com uma queda de 10% na desnutrição infantil nos últimos cinco anos.
São oferecidos também cursos de elaboração de projetos, manejo alimentar e sanitário, gestão financeira, técnicas de cultivo de mel orgânico e de atividades pecuárias tradicionais da região. Muitos moradores começaram a participar de cooperativas que processam e vendem castanha de caju e mel, entre outros alimentos. “A castanha tem sido exportada para a Itália e o mel é vendido em sachês para o mercado nacional”, explica Vieira.
Próxima fase
Em uma próxima etapa, deverão ser instalados dessalinizadores à base de energia solar. Os recursos hídricos do semiárido em geral apresentam índices elevados de sal e por isso não são próprios para o consumo. Os novos equipamentos deverão proporcionar água potável para um maior número de pessoas.
Nos próximos dois anos, outro programa deverá se somar ao Viva o Semi Árido. Está prevista a liberação de mais de US$ 200 milhões do Fundo Verde do Clima, também da ONU, de iniciativas focadas na adaptação às mudanças climáticas, para todo o nordeste. Os recursos deverão ser direcionados à recuperação de áreas degradadas, acesso à água e incentivo à produção agroflorestal. “Será mais um passo importante no desenvolvimento de uma região às voltas com altos índices de pobreza”, diz Vieira.
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