A Marfrig Global Foods anunciou, nesta quarta-feira (13/3), que está ampliando de quatro para sete o número de plantas que receberão animais certificados pelo programa Carne Angus, mantido pela associação nacional que reúne os criadores da raça. Desta forma, a empresa deve ampliar entre 40% e 50% o abate desses animais, que, em 2018, totalizou 130 mil cabeças.
A parceria da indústria com os criadores de gado angus existe desde 2006. A empresa foi a primeira a aderir à certificação fora da região Sul. Até agora, os animais certificados pelo programa Carne Angus iam para as unidades de Promissão (SP), Mineiros (GO), Tangará da Serra (MT) e Bataguassu (MT).
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Passam a integrar o programa de carne certificada as plantas de Várzea Grande (MT), Bagé (RS) e Alegrete (RS). A unidade mato-grossense tem capacidade para abater cerca de 1,1 mil animais por dia. Nas duas plantas gaúchas, o volume diário é de cerca de 800 animais em cada uma.
“Desde quando foi firmada, a parceria só cresceu. O angus é demandado no mercado interno e externo e a demanda tem sido sempre maior que a oferta em todos os segmentos”, afirmou Miguel Gularte, CEO da operação da Marfrig na América do Sul, em encontro com jornalistas, em São Paulo (SP).
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Segundo o executivo, agregar mais animais ao portfólio de carne premium certificada valoriza o gado do pecuarista e possibilita ao consumidor mais acesso a um produto de melhor qualidade. Para a empresa, dá condição de prospectar mercado e atender a uma demanda cada vez mais exigente.
O produto certificado representa de 25% a 30% do portfólio da Marfrig no Brasil. Desse total, pelo menos 80% são da raça Angus. Os segmentos para os quais os volumes adicionais serão direcionados ou a proporção a ser vendida no Brasil ou exportada dependerá do momento e das condições de mercado.
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“O objetivo é sempre vender produto de valor agregado. O produto certificado atende critérios rigorosos. Há toda uma segmentação de marcas que será incentivada, seja como produto, seja como canal de venda”, disse Gularte.
Ele avalia que as operações nas três unidades incluídas no programa de carne certificada devem ter um impacto nos negócios da companhia já neste ano. A planta de Várzea Grande deve começar os abates de angus certificado até o início de abril. As de Bagé e Alegrete, dentro de duas semanas.
Carne Angus
O programa Carne Angus certifica animais que tenham, no mínimo, 50% de sangue da raça, sejam abatidos jovens e de acordo com especificações de acabamento de carcaça. De modo geral, pecuaristas que oferecem os animais nessas condições recebem valores diferenciados, com bonificações o preço.
Na Marfrig, o CEO para América do Sul garantiu que sempre há um diferencial, que pode variar de acordo com o momento do mercado e a quantidade de cortes que podem ser retirados de cada carcaça. De acordo com ele, a tabela que define essas bonificações é dinâmica e “baseada na realidade”.
Associação Brasileira de Angus representa mais de 400 criadores de gado da raça. Presidente da entidade desde 11 de janeiro deste ano, Nivaldo Dzyekanski disse acreditar que a expansão do programa deve possibilitar um crescimento de ao menos 10% no volume abatido de animais dentro do programa de certificação que, em 2018, foi de 430 mil cabeças.
Afirmou também que a maior demanda tende a refletir na procura por genética angus, que já vem crescendo. As vendas de sêmen totalizaram 3,36 milhões de doses em 2013, considerando Aberdeen Angus e Red Angus. De acordo com a Associação Brasileira de Insemina Artificial (Asbia). Em 2017, dado mais recente da entidade, foram 3,85 milhões de doses, uma expansão de 14,58%.
“Queremos que o consumidor peça carne angus e movimente o mercado. Ele pedindo, o frigorífico demandando e o criador respondendo, eu vejo uma ampliação de venda de sêmen, touros e matrizes de raça pura. Não é uma expectativa, é uma certeza”, afirmou Dzyekanski.
Um dos principais desafios, segundo ele, é garantir a regularidade de oferta de animais para abate. De modo geral, no segundo semestre o volume é maior que no primeiro. Nas operações com carne certificada da Marfrig, a diferença em volume de gado é de 20% a 30% comparando as duas metades do ano.
O presidente da Associação Brasileira de Angus reconheceu que é difícil equilibrar a oferta de animais. A principal dificuldade está no período conhecido como vazio forrageiro, geralmente, durante o outono. Por conta do déficit de pastagens, criadores têm menos gado pronto para enviar ao frigorífico.
Mas Nivaldo Dzyekanski garantiu que a entidade discute o assunto na tentativa de buscar uma solução. “Não é muito fácil de resolver. Mas estamos tentando, buscando dar ferramentas para que os produtores tenham uma oferta mais regular. Se vamos conseguir em 100%, é difícil enxergar um horizonte”, disse.
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