A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) disse ao Broadcast Agro que decidiu rever a sua projeção de exportação de soja em 2019 de 73 milhões de toneladas para 70 milhões de toneladas.
Segundo a Anec, a revisão se deve aos preços atuais da soja e à rentabilidade da operação de exportação da oleaginosa, que não estão tão positivos como no ano passado.
"Em função dos prêmios, do basis hoje pago pela soja, a Anec acredita que, principalmente no segundo semestre, as exportações vão estar mais concentradas no milho e não tão direcionadas para a soja. Os preços da soja hoje e as margens de lucro operacional não estão tão bons como no ano passado", disse o assistente executivo da Anec, Lucas Brito, ao Broadcast Agro.
"Faz mais sentido, com base nos atuais preços, no basis da soja hoje, ter uma exportação de cerca de 70 milhões de toneladas." Brito destacou ainda que, com os baixos estoques no Brasil na virada de 2018 para 2019 e uma safra cerca de 5 milhões de toneladas menor do que a obtida em 2017/18, o País não conseguirá repetir as exportações de 2018 que, segundo dados da Anec, atingiram 82,8 milhões de toneladas.
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"Devemos ter exportações muito inferiores às de 2018 em virtude dessa oferta menor de produto no mercado." Segundo ele, a previsão de exportação do Brasil ainda pode mudar de acordo com os desdobramentos das discussões comerciais entre Estados Unidos e China.
"Claro que o fator da guerra comercial influencia isso, mas é uma variável que a gente não consegue controlar. Esse número pode ser revisto no segundo semestre em razão da continuidade ou não da guerra comercial", comentou Brito.
"Caso a guerra comercial se mantenha, a tendência é que os basis, os prêmios aumentem no segundo semestre, o que até possibilitaria um acréscimo nas exportações. Mas, como é uma variável que nós não podemos dimensionar de momento, o que o mercado demonstra é que as exportações de soja ficariam em torno de 70 milhões de toneladas."
Para o milho, a Anec mantém a previsão de exportação de 31 milhões de toneladas. "É o que a oferta de milho proporciona", afirmou Brito. "O tamanho da safra nos dá espaço para exportar acima de 30 milhões de toneladas, por isso a estimativa em torno de 31 milhões de toneladas, e os preços do milho, apesar de não estarem altos, ainda possibilitam um investimento por parte das tradings na exportação do cereal em razão do espaço disponível no mercado e da oferta do produto no Brasil."
A Anec acredita que o projeto de Reforma da Previdência, apresentado na quarta pelo governo ao Congresso, se aprovado, pode trazer um alívio nas contas públicas capaz de reduzir o apelo dos Estados por tributos que afetem a exportação de soja e milho.
No 10º Evento de Previsão de Safra da Anec e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), realizado na quarta em Brasília, exportadores e produtores de grãos mostraram preocupação com os efeitos da cobrança do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) em Mato Grosso e com os questionamentos sobre a Lei Kandir.
O novo Fethab em Mato Grosso incide sobre as operações de exportação de soja, algodão, milho, carne e madeira. Já a Lei Kandir, que prevê a isenção de pagamento de ICMS sobre as exportações de produtos primários e semielaborados ou serviços, vem sendo questionada por governos de Estados exportadores, que reclamam não receber a compensação do governo federal pela perda de arrecadação.
"Na medida que o governo não tem esse desespero mais de caixa (se aprovada a Reforma da Previdência), trata logo de ressarcir os Estados naquilo que é necessário e eles não começam a inventar taxas sobre exportação. É como organizar a nossa casa, se você melhora bem o Orçamento de um lado, pode ter tranquilidade do outro", disse o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes.
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