Desde 2002, israelenses, palestinos e jordanianos estão unidos num projeto “Migrating Birds Know No Boundaries” (Pássaros migratórios não conhecem barreiras, em inglês) que acompanha, via GPS, os processos migratórios de aves em todo o mundo com atividades educativas entre os jovens dessas nacionalidades.
O projeto faz parte da vasta pesquisa de controle de migração de aves do ornitólogo israelense e diretor do Centro Internacional para o Estudo da Migração de Pássaros, em Israel, Yossi Leshem, que introduziu também no país uma metodologia de controle biológico de roedores na lavoura com o uso de corujas-de-celeiro e falcões.
O sistema estimula as aves a formarem ninhos nos campos de agricultura onde normalmente eram consumidas enormes quantidades de pesticidas. Poucos anos após a introdução da metodologia, os produtores deixaram de utilizar pesticidas nas lavouras para controle de roedores.
Isto é feito com a simples instalação e monitoramento das chamadas “ninhos de caixa” posicionados estrategicamente com frequentes intervalos nos campos, incentivando as aves predadoras a morarem, procriarem e manterem suas famílias no local. Quando isso ocorre, eles naturalmente dizimam a população de roedores caçando-os em larga escala. Uma coruja-de-celeiro consome entre 2.000 e 6.000 roedores ao longo do ano.
“A ideia é colocar ‘ninhos de caixa’ no campo e, nos lugares onde os produtores têm as corujas, eles pararam de usar pesticidas. Em Israel, os agricultores costumavam usar altos níveis de pesticidas, o que afetava as pessoas, a vida selvagem, o solo e a água”, explicou o ornitólogo.
Os ninhos de caixa têm um investimento relativamente alto, de US$ 250 cada (cerca de R$ 1.000) e devem ser posicionados corretamente para facilitar a adaptação das corujas, que são aves que costumam construir seus ninhos em cavidades de paredes e árvores.
Mas essas caixas também possuem uma importante função para outras espécies de pássaros: moradia temporária para pássaros de diversas partes da Europa e Ásia que migram, todos os anos, para o sul da África. Isso porque Israel, localizado na junção de três continentes, é atravessada por aves migratórias em uma escala incomparável a qualquer lugar.
Nas escolas, jovens israelenses, palestinos e jordanianos envolvidos no projeto aprendem a acompanhar remotamente as aves que utilizam GPS instalados previamente para que tenham seus processos migratórios estudados.
+ Conservação de aves: um trabalho que une lazer, natureza e ciência
+ Insetos podem ser extintos em menos de um século
“Há cerca de 500 milhões de pássaros migrando pelo mundo e para eles Israel é o melhor lugar, porque há em muitos e de muitas espécies que não podem ser vistos em outras partes como no Brasil ou a América do Norte. Temos escolas em que as crianças acompanham tudo isso online, o que está acontecendo com as corujas na Alemanha, Israel e até na África do Sul, e com outras aves também”, explica.
Por conta disso, Israel possui leis de proteção de aves migratórias e essa massiva população de pássaros gerou um problema de segurança para o transporte aéreo no país. Com o projeto de pesquisa, em parceria com a Força Aérea israelense, os acidentes aéreos provocados por pássaros reduziram em 88%, protegendo os pilotos de aeronaves e as milhões de aves que cruzam os céus de Israel duas vezes ao ano (na ida e na volta do processo migratório).
Curte o conteúdo da Globo Rural? Ele também está no Globo Mais. Nesse aplicativo você tem acesso a um conteúdo exclusivo e às edições das melhores publicações do Brasil. Cadastre-se agora e experimente 30 dias grátis.
Source: Rural
Source: Import Rural