Aspectos comerciais e políticos podem estar por trás da decisão da Arábia Saudita em descredenciar cinco das 30 plantas frigoríficas que exportam frango para o país. A Arábia Saudita busca se tornar autossuficiente em produção alimentar. Hoje, cerca de 70% do frango consumido pelos sauditas é importado. O objetivo é que até 2030 pelo menos 60% da necessidade de consumo interno seja atendida por produtores locais. A produção de ração vem sendo subsidiada e a indústria de equipamentos voltados ao agronegócio também conta com incentivos fiscais.
Alguns dos maiores frigoríficos sauditas, como o Al Watania e o Fakieh, pretendem aumentar a produção de frango em cerca de 30% nos próximos três anos. “Embora não haja um pronunciamento oficial sobre os motivos que levaram ao descredenciamento de algumas plantas brasileiras, a questão comercial pode ser uma possível explicação”, diz Rubens Hannun, presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Ele destaca que critérios técnicos também podem estar envolvidos na decisão do governo saudita. Hannun deverá conversar sobre o tema em fevereiro durante uma viagem de negócios, que já estava programada, à Arábia Saudita.
Fontes do meio diplomático não descartam que a suspensão dos cinco frigoríficos também seja um recado para o governo brasileiro. O presidente Jair Bolsonaro anunciou a intenção de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que desagrada a comunidade árabe. Em novembro, uma visita oficial ao Egito de Aloysio Nunes, ministro de relações exteriores do governo Temer, foi cancelada de última hora pelos egípcios. Estava prevista também uma agenda de negócios com 20 empresários brasileiros, que precisou ser suspensa. O governo brasileiro ainda não anunciou oficialmente a transferência da embaixada para Jerusalém, mas representantes dos ministérios de relações exteriores dos países árabes têm demonstrado forte interesse pela questão no ambiente da diplomacia internacional.
Egito, Arábia Saudita, Tunísia, Marrocos e Iraque e outros países árabes representam um expressivo potencial de expansão das exportações brasileiras, na avaliação da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Haveria boas perspectivas tanto de investimentos diretos no Brasil, por meio de fundos soberanos, como de compras mais significativas de alimentos e outros itens da pauta de exportações brasileira. A entidade pretende inaugurar este ano um escritório em Dubai, nos Emirados Árabes, para estreitar os laços com a região e propiciar um maior intercâmbio comercial com o Brasil.
No ano passado, a Arábia Saudita importou 486,9 mil toneladas de carne de frango, volume 17,4% inferior ao registrado em 2017. A receita somou US$ 804,4 milhões, 20,1% menor com relação ao ano anterior. A Arábia Saudita é o maior comprador da carne de frango brasileira; 12% do volume total exportado pelo Brasil no ano passado foi para o país.
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