O volume surpreendente das exportações de soja em grão do ano passado, que somaram 83,86 milhões de toneladas, despertou dúvidas sobre o real tamanho da safra brasileira de soja 2017/2018. É a avaliação do sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, cuja estimativa mais recente para a safra 2018/2019 aponta para produção de 117,6 milhões de toneladas.
Pessôa admite a possibilidade de “em algum momento do passado” a safra de soja ter sido maior do que a apontada pelas estimativas feitas tanto pelo setor público como privado, no caso a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ele afirmou que sua consultoria está revisando seus números para saber onde pode ter havido falha das estimativas
“Que tem alguma coisa errada para trás tem. A questão é saber o quê. A produção do ano passado pode ter sido maior que a divulgada. A segurança do número do ano passado foi abalada pela exportação”, reconhece o consultor.
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Para Pessoa, um fator que poderia ajudar a explicar exportação surpreendente é o estoque de soja no Brasil, reduzido a praticamente zero, segundo ele. De qualquer forma, ele disse que algumas instituições, como a própria Agroconsult, e tradings de grãos estão reavaliando os números.
“O fato de termos um erro identificado por um estoque zerado é positivo, Ajuda a termos números mais confiáveis. Da parte da Agroconsult, posso dizer que estamos incomodados”, afirma o consultor.
No caso da consultoria, ele garantiu que está sendo feito um trabalho cuidadoso de revisão. “A nossa preocupação é com algum erro metodológico. Não chegamos a nenhuma conclusão. Vamos chegar depois do Rally”, diz André Pessoa, fazendo referência à 16ª edição do Rally da Safra, expedição realizada pela Agroconsult e que percorre as principais regiões do Brasil.
Pessoa disse acreditar que outras consultorias e até Conab deverão também fazer suas revisões. E que seria muito importante um posicionamento da Companhia, referência oficial para a estimativa da safra brasileira de grãos.
No boletim de dezembro, a Conab anunciou um ajuste nos números relativos às safras anteriores, mas não mudou suas estimativas de produção. A justificativa foi que o aumento das exportações para a China, que extrapolou em mais de 7 milhões a previsões iniciais. A Conab argumentou que “os números de produção, esmagamento e exportação são números praticamente `travados, ou seja, não têm como estarem errados ou modificados`”.
A companhia ajustou os volumes de perdas pós-colheita, “pois o mercado estava usando valores de perdas superestimados, fazendo esse pequeno ajuste, nos últimos anos, teremos um estoque de passagem necessário para fechar o quadro para a safra 2018/2019”. Segundo a Conab, o problema é que para a soja, com uma produção vultuosa, um erro de percentual por menor que seja, como foi o caso, trouxe um acúmulo numérico que desencadeou no problema atual.
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