O mercado de terras para a agropecuária no Brasil vive um cenário de espera das definições da agenda no novo governo. Produtores e operadores do mercado vem se mostrando mais otimistas com a transição na política do país, mas o mesmo não se pode dizer de outros investidores, comenta o analista de mercado da Informa FNP, Márcio Perin.
“É preciso ver o quão liberal será a agenda do novo governo para o agronegócio. Houve informações desencontradas durante a transição”, diz.
Ele se refere a posições manifestadas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro e que levaram a especulações sobre o futuro das relações com alguns dos principais mercados para o agronegócio brasileiro, como a China e os árabes. Se o Brasil perder algum espaço, pode haver reflexo nos preços internos de terra.
“Não haveria expansão de área nem projetos de infraestrutura, que são importantes e um grande vetor que poderia alavancar o mercado de terras”, explica o consultor.
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De modo geral, o mercado de terras vem de um período de poucas novidades, pelo menos desde 2014, afirma Perin. Até então, o investidor estava comprando e os preços vinham se valorizando. Mas, com a instabilidade política e o agravamento da crise econômica entre 2015 e 2016, o mercado viveu o que ele chama de momento crítico, com negócios apenas pontuais.
“Bancos assumiram garantias e temeram que perdessem valor. Alguns tiveram que ir ao mercado e vender, em alguns casos, com valor até 50% abaixo do mercado. Isso cria um círculo vicioso de preço mais baixo. Felizmente, essa expectativa não se agravou porque o agronegócio continuou dando resposta positiva”, explica Perin.
Pelo menos no primeiro semestre deste ano, os números da Informa FNP apontam para um mercado relativamente estável. Em nível nacional, o valor médio foi de R$ 13.845,93 por hectare, apenas 0,02% a mais que no primeiro semestre de 2017, quando a média foi de R$ 13.638,20.
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Em quatro estados brasileiros – Alagoas, Amapá, Sergipe e Tocantins – houve estabilidade nos preços. A maior valorização, comparando o primeiro semestre deste ano e o do ano passado, foi registrada no Estado do Amazonas, de 6%.
Em outros quatro estados – Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rondônia – houve a menor variação no preço médio por hectare, de apenas 0,4%. Os dados do primeiro semestre da Informa FNP mostram ainda que não houve desvalorização da terra em nenhuma região do Brasil.
Em relação ao mercado agropecuário, de modo geral, Márcio Perin avalia que o produtor rural deve estar cada vez mais atento aos custos e processos relacionados ao seu negócios. Acompanhar a evolução tecnológica, ter um bom planejamento comercial e financeiro e utilizar-se dos instrumentos de comercialização, como o barter (troca de produtos por insumos).
Ele avalia que, no ano que vem, a logística continuará a ser um fator importante. O tabelamento de frete rodoviário está em vigor e pode ser oneroso para o produtor rural. Pelo menos por enquanto, a expectativa é de margem positiva, mas há projeções de preços agrícolas mais baixos, o que pode afetar a rentabilidade do negócio.
"Evite especular. Trave uma parte da produção e deixe outra parte para negociar depois. à medida que o produtor entender que é mais importante garantir a margem do que esperar preço, será melhor deixar de ganhar em alguma momento do que perder", diz ele.
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