A transferência da Funai (Fundação Nacional do Índio) do Ministério da Justiça para o Ministério dos Direitos Humanos, Família e Direitos da Mulher desagradou as lideranças indígenas. Ontem, antes do anúncio da transferência, cerca de 80 índios de 40 etnias, liderados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), tentou uma audiência com o governo de transição em Brasília, mas não foram atendidos. A APIB protocolou uma carta, onde classifica as declarações do presidente eleito sobre os índios de “preconceituosas, racistas e integracionistas”.
Na semana passada, em Cachoeira Paulista (SP), o presidente eleito Jair Bolsonaro disse que o índio é um ser humano igualzinho a nós. “Quer o que nós queremos, e não podemos usar o índio, que ainda está em situação inferior a nós, para demarcar essa enormidade de terras, que no meu entender poderão ser, sim, de acordo com a determinação da ONU, novos países no futuro. Justifica, por exemplo, ter a reserva ianomâmi, duas vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro, para talvez, 9 mil índios? Não se justifica isso aí", declarou Bolsonaro.
+ Funai irá para ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos
+ Novo governo quer “embranquecer” o índio, diz sub procurador-geral
+ Ninguém quer saber dos índios
Na carta, a APIB afirma que as atitudes do governo colocam em risco os indígenas, como “abrir nossos territórios tradicionais aos interesses do agronegócio, da mineração da construção civil e de outros empreendimentos de impacto socioambiental. E acusa o novo governo de “pretender impor, autoritariamente e sem ouvir nossa voz, outro modelo de vida aos povos indígenas, destinado a suprimir nosso direito fundamental a uma identidade étnica e cultural diferenciada”.
Siga a Globo Rural no Instagram
Valéria Paye, da coordenação da entidade indígena, diz que no Ministério dos Direitos Humanos o processo de demarcação de terras indígenas deve ser prejudicado. Ela teme também a forte influência que as igrejas evangélicas deverão ter nas aldeias indígenas com a nomeação da pastora Damares Alves como ministra dos Direitos Humanos, Família e Direitos da Mulher.
Curte o conteúdo da Globo Rural? Ele também está no Globo Mais. Nesse aplicativo você tem acesso a um conteúdo exclusivo e às edições das melhores publicações do Brasil. Cadastre-se agora e experimente 30 dias grátis.
Source: Rural
Source: Import Rural