O transporte de carga em mulas na América do Sul remonta aos tempos coloniais. Não apenas no Brasil os tropeiros tiveram participação ativa no intercâmbio de produtos e informações. Na Cordilheira dos Andes, reinaram absolutos até que o transporte em veículos de carga tomou seu lugar.
Nos nossos vizinhos platinos, eles são chamados de arrieros e detêm uma grande notoriedade histórica. Sua atuação foi decisiva quando, em 1817, o general argentino José de San Martín, apoiado por um grupo de arrieros, cruzou os Andes para iniciar a campanha de independência do Chile.
Hoje, essa tradição perdura com sua bravura característica em nichos bastante específicos, como é o caso do apoio a expedições para escalada na Cordilheira dos Andes. No Monte Aconcágua, por exemplo, uma pequena parte dessa cultura centenária mostrou fôlego para adaptar-se aos novos tempos.
No verão, época da alta temporada de escaladas, a base da montanha é tomada pelas tropas de mulas. Diariamente sobem até o acampamento base levando equipamentos e provisões para montanhistas vindos de todo o mundo. Além da beleza e magnitude da montanha, esses trabalhadores são um atrativo a mais: uma pequena mostra da autêntica tradição do povo “gaucho argentino”.
Finda a temporada de escalada, que vai de novembro a março, os animais são soltos nas estâncias. A maioria dos arrieros arruma trabalho em outros tipos de atividade
Gente de hábitos simples e feições rudes, marcada pelo rigor da cordilheira, esses homens enfrentam a dura rotina de solidão e distanciamento, garantindo sua sobrevivência através de uma prática herdada de gerações. Mario Tapia (à esq.) faz parte do grupo de 60 arrieros que trabalham na escalada do Aconcágua, conduzindo uma tropa de mais de 600 animais
Localizado na província de Mendoza, na Argentina, o Aconcágua, com seus 6.962 metros de altitude, é a maior montanha das Américas e recebe cerca de 3 mil escaladores todos os anos
Em suas jornadas diárias aos acampamentos base, os arrieros atingem altitudes de até 4.300 metros acima do nível do mar e chegam a passar 12 horas sobre o lombo dos animais
Mauro Muñoz é um dos arrieros do Aconcágua que, além dos desafios impostos pela natureza imponente da cordilheira, convivem com as incertezas quanto à continuidade do seu modo de vida
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