_A indústria demanda cada vez mais matérias-primas sustentáveis e o mercado financeiro caminha na direção de “descarbonizar” portfólios de investimentos. Atentar para esses movimentos é importante para agregar valor à produção agropecuária com sustentabilidade, de acordo com Paulo Branco, vice-coordenador do Centro de Estudos de Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGVces).
“Estamos falando da demanda efetiva de uma indústria que precisa de matérias-primas mais sustentáveis”, disse, usando como referência o setor alimentício. “As empresas mais sustentáveis estão mais aptas a acessar esses mercados”, afirmou, durante um talk show realizado na cerimônia de entrega do 5º Prêmio Fazenda Sustentável, promovido pela revista Globo Rural, em São Paulo (SP).
+ Tecnologia e preocupação social marcam Prêmio Fazenda Sustentável
Paulo Branco avalia que a agropecuária está no centro do problema do aquecimento global. Segundo ele, se toda a produção de carne e leite do mundo fossem um país, seria o terceiro maior emissor de gases do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, os dois maiores poluidores globais.
Por outro lado, o setor tem potencial de liderar o movimento em busca de soluções para promover a sustentabilidade no planeta. Para isso, precisa se concentrar em modelos que reduzam os atuais impactos ao mesmo tempo em que promovam a regeneração dos ecossistemas
+ Sítio do Moinho, campeão do 5º Prêmio Fazenda Sustentável
+ Fazenda Obrigado, 2ª colocada no Prêmio Fazenda Sustentável
+ Fazenda Palmito, 3ª colocada no Prêmio Fazenda Sustentável
“As maiores inovações neste sentido estão na agricultura”, afirmou, lembrando dos avanços tecnológicos em áreas como monitoramento climático e modelos de produção como a Agricultura de Baixo Carbono e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. “A intensificação sustentável das propriedades é nossa vantagem competitiva”, acrescentou.
Paulo destacou a biodiversidade brasileira e citou exemplos de negócios lucrativos realizados a partir da floresta. De acordo com ele, hoje as cadeias produtivas estão mais aptas a acessar determinados mercados.
"O mercado financeiro dá sinais claros. Existem empresas olhando para o negócio da floresta em pé com muita atenção. Para a realização desses negócios, é importante a comprovação de práticas que demonstraem que tem mais sentindo manter a floresta em pé", disse, citando exemplos de produtos cosméticos e da indústria de fármacos.
Outro ponto importante foi em relação ao preço das pesquisas para o desenvolvimento de novas moléculas. "Está cada vez mais claro desenvolver moléculas em laboratórios. A matéria prima para a produção está na biodiversidade".
Em relação ao ambiente político, Paulo considerou sem sentido a decisão do Brasil de abrir mão de sediar a próxima conferência do clima (COP 25). Na avaliação do especialista, o país não pode se ausentar de acordos internacionais. Seria um fator negativo na busca por novos mercados.
“A contemporaneidade é multilateral. Não podemos nos ausentar de acordos, não faz sentido e não é bom para conquistar mercados. Podemos ter retrocessos bastante expressivos se a escolha for a de se ausentar dessa era”, avaliou. “Não estamos no mainstream da agenda da sustentabilidade e o esforço não é só técnico, é político.”
Siga a Globo Rural no Instagram
Curte o conteúdo da Globo Rural? Ele também está no Globo Mais. Nesse aplicativo você tem acesso a um conteúdo exclusivo e às edições das melhores publicações do Brasil. Cadastre-se agora e experimente 30 dias grátis.
Source: Rural
Source: Import Rural