A futura ministra da Agricultura, deputada federal Tereza Cristina (MDB-MS), disse, nesta segunda-feira (19/11), que não é parceira da JBS e que não foi diretamente responsável pela concessão do incentivo fiscal à empresa enquanto esteve no governo de Mato Grosso do Sul. Em entrevista à rádio CBN, ela rebateu o conteúdo de reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo, que sugere uma relação entre os negócios da família dela com a JBS e a concessão do benefício pelo Estado.
“A matéria foi feita a levas as pessoas a entender que existe uma negociação não republicana e isso não é verdade. São assuntos separados e diferentes”, disse Tereza Cristina.
Segundo a reportagem, publicada neste domingo (18/11), Tereza Cristina favoreceu a JBS com incentivos fiscais enquanto era secretária de Estado de Mato Grosso do Sul. A família da parlamentar tinha negócios com a empresa comandada pela família Batista desde 2009, um arrendamento de terras para confinamento de gado, do qual ela aparece, primeiro como avalista da mãe, Maria Manoelita Alves Correa da Costa, e depois na condição de inventariantes, depois da Maria Manoelita, em 2010.
O advogado da deputada nega haver qualquer ilegalidade ou imoralidade na situação. Neste domingo (18/11), o presidente eleito Jair Bolsonaro saiu em defesa da sua escolhida para o Ministério da Agricultura. “Eu também sou réu no Supremo. Tenho que renunciar? Ela já foi julgada? É apenas um processo representado, [assim] como já fui representado umas 30 vezes na Câmara e não colou nenhuma”, afirmou Bolsonaro.
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Na entrevista à Rádio CBN, Tereza Cristina disse que não é parceira da JBS, lembrando que a empresa é administrada na forma um condomínio pela família dela. E confirmou que, de fato, a JBS, recebeu o incentivo fiscal para uma operação da Seara, indústria de aves que adquiriu em 2013. Negou, no entanto, que tenha sido feito algo fora da normalidade.
“Foi concedido pelo governo do estado, do qual eu era a secretaria, um beneficio fiscal a empresa assim como a várias outras que se instalaram no estado, como era uma política na época. Quem dava o benefício era o governo, a minha pasta recebia o pedido das empresas e isso era encaminhado a um conselho, em que fazia parte a minha pasta, a secretaria de fazenda, a governadoria e a parte jurídica”, disse ela.
Tereza Cristina também negou ter recebido alguma doação direta da JBS para campanhas eleitorais. Segundo ela, o dinheiro vindo da empresa foi repassado a ela pelo partido. E reafirmou que mantém totalmente separadas as atividades da sua vida política e a sua atividade como empresário no agronegócio.
“Eu tenho uma vida profissional e empresarial que não começou em 2009, era muito antes, trabalhei antes, saí, depois voltei. O que aconteceu foi que minha mãe veio a falecer e eu fui inventariante. Tive que assumir o lado pessoal da empresa e como secretaria tive que continuar fazendo as coisas”, explicou.
Sobre o fato dos incentivos ficais do governo de Mato Grosso do Sul estarem sob investigação, Tereza Cristina disse que não há ação contra ela e que em nenhum momento foi intimada a depor sobre esse assunto. Ela disse supor que outros contratos também estar sendo avaliados e que cabe à Justiça avaliar o que lhe está sendo entregue.
A futura ministra da Agricultura disse ainda não ter conversado com o presidente eleito Jair Bolsonaro sobre o assunto da reportagem da Folha de São Paulo e que está “absolutamente tranquila”. “Estarei com ele amanhã (terça-feira, 20/11). Se ele me pedir explicação, estou a disposição para responder qualquer coisa que ele queira saber sobre esse assunto”, disse.
Não é a primeira vez que Tereza Cristina fala sobre os negócios de sua família com a JBS desde quando passou a integrar a equipe do governo eleito. Ela chegou a ser questionada por jornalistas logo depois do anúncio do seu nome como nova ocupante da pasta da Agricultura. Na época, disse que toda a documentação necessária para atestar a legalidade das operações estava à disposição.
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