A indústria de laticínios do Rio Grande do Sul defende que se mantenham separados os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. Para o Sindilat-RS, que representa o setor, seria necessário um “super-homem” para dar conta de toda a demanda conjunta das duas pastas.
“É necessário ter um ministro focado na agricultura. Ter um ministro com atenções divididas pode até ocasionar prejuízos ao setor. São necessárias ações contínuas para se pensar e agir na agricultura”, diz o presidente da entidade, Alexandre Guerra.
A visão do Sindilat-RS diverge de algumas representações do setor ouvidas por Globo Rural. Entre elas, a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), que representa pecuaristas, e Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), cujos líderes defendem a necessidade de redução do tamanho da máquina pública.
Há também lideranças setoriais que veem uma agenda comum entre Agricultura e Meio Ambiente e apoiam a fusão. Ponderam, no entanto, que há risco para a condução da política agrícola no novo governo e que essa estrutura vai exigir eficiência administrativa. É o caso da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).
A discussão sobre unir as duas pastas vem sendo feita desde a campanha que levou Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. E passou por reviravoltas. A intenção inicial era unificar. Mas antes da votação no segundo turno, o presidente eleito disse que poderia rever a ideia, questionada pelos atuais ministros, Blairo Maggi e Edson Duarte, e criticada duramente por entidades ambientalistas.
Na quarta-feira, um novo capítulo. Depois de reunião com Bolsonaro, no Rio de Janeiro (RJ), o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Nabhan Garcia, disse que a questão ainda será tema de conversas. E, nesta quinta-feira (1/11), o próprio Bolsonaro veio a público para reforçar que “ao que tudo indica”, a fusão não ocorrerá.
No Congresso, enquanto parlamentares da bancada ambientalista são contrários à fusão e falam até em apresentar uma moção contra a medida, mesmo na bancada ruralista, a ideia não é uma unanimidade. A própria presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputada Teresa Cristina (MDB-MS), vinha mantando uma postura cautelosa.
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Nesta quinta-feira (1/11), em nota, o ex-secretário de Agricultura de São Paulo, deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), se manifestou contrário à fusão. Segundo ele, a agricultura brasileira é uma das maiores do mundo e tem compromisso com práticas sustentáveis. Além disso, o país tem uma das legislações ambientais mais rigorosas e uma das maiores áreas preservadas do mundo.
Para o parlamentar, fundir os ministérios passará a impressão de que a agricultura é vilã do meio ambiente. E seria um equívoco concentrar o debate ambiental no mundo rural, com regras muito bem definidas.
“A repercussão no cenário internacional poderá ser perigosa e restringir mercados para os produtos brasileiros. O Brasil tem tudo para ser a vanguarda, dentre os países, da chamada nova economia, economia verde ou economia de baixo carbono, e esta iniciativa de fusão poderá dar a ideia de que ao invés de protagonizar este novo momento, nós estaríamos fugindo do compromisso ambiental”, diz ele, no comunicado.
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