O preço do leite entregue pelo produtor em setembro, com pagamento em outubro, registrou queda pelo segundo mês consecutivo, segundo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). O levantamento mostrou que a “média Brasil” líquida de outubro foi de R$ 1,4401/litro, recuo de 3 centavos ou de 2,4% em relação ao mês anterior. “Ainda assim, a média de outubro ficou 37,6% acima da do mesmo mês de 2017. No acumulado de janeiro a outubro, o preço ao produtor registra alta de 39,3%, em termos reais.”
Os pesquisadores do Cepea explicam que a diminuição das cotações em outubro continuou atrelada ao consumo enfraquecido de lácteos, que, por sua vez, esteve associado à lenta recuperação econômica e aos elevados patamares de preços. Os agentes consultados pelo Cepea, indústrias e atacados relatam que ainda precisam praticar promoções para assegurar liquidez.
Os estudos do Cepea revelam que o leite UHT negociado entre indústria e mercado atacadista do estado de São Paulo se desvalorizou 4% entre setembro e outubro (a média deste mês considera até o dia 29). “Apesar das vendas fracas, colaboradores relatam que os estoques estão baixos, o que limitou o movimento de queda neste mês – vale lembrar que, de agosto para setembro, o recuo foi de 6,6%.”
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Eles explicam que, a partir do retorno das chuvas, a disponibilidade de pastagens se elevou e favoreceu a produção em muitas bacias leiteiras – o que também pressionou as cotações no campo. “Apesar do crescimento do volume disponível, a oferta ainda segue enxuta, sem excedentes consideráveis para inundar o mercado.”
Os pesquisadores afirmaram que a competição entre as indústrias de laticínios impediu quedas mais intensas de preços neste mês. O Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L) registrou alta de 2,8% na “Média Brasil”. “Ressalta-se, contudo, que o aumento da captação para algumas empresas apenas refletiu o maior poder de mercado.”
Em relação ao médio prazo, os pesquisadores comentam que a expectativa dos agentes do setor é que o movimento de desvalorização continue nos próximos meses. “O aumento da oferta deve pesar mais no processo de formação de preços já em novembro (captação de outubro), com a consolidação do período de chuvas e melhoria das pastagens.” Os colaboradores do Cepea esperam maior intensidade na queda das cotações para novembro e dezembro, podendo chegar aos patamares registrados em 2016, em termos reais.
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