A palavra qualidade tem um conceito subjetivo, que pode variar de acordo com a percepção de cada indivíduo. Para o Moinho Anaconda, no entanto, o conceito de qualidade é mais objetivo e, nas palavras do diretor-presidente da empresa, significa “realizar um ajuste fino entre diversos tipos de farinhas para produzir a melhor farinha tipificada dentro das especificações de cada cliente”. Segundo Valnei Origuela, a grande expertise da empresa é a engenharia de farinhas.
E foi a excelência na operação dessa engenharia que garantiu à Anaconda o título de melhor empresa na categoria Massas e Farinhas do Melhores do Agronegócio. Há mais de seis décadas, a Anaconda se destaca na produção de farinhas tipificadas de alta qualidade para o segmento institucional.
Farinhas tipificadas são as refinadas de acordo com as especificações de um determinado cliente. Por sempre adquirir matéria-prima de boa qualidade e possuir equipamentos altamente sofisticados, o Moinho Anaconda consegue fazer um ajuste bastante fino entre os diversos tipos de farinhas. “O fato de sermos uma empresa capitalizada nos possibilita investir em produtos de alta qualidade”, diz Valnei.
Qualidade é um conceito muito antigo na empresa, fundada em 1951, época em que o empresário João Martins comprou o moinho, localizado até hoje no bairro do Jaguaré, em São Paulo. Além disso, a Anaconda tem uma grande capacidade de estocagem, o que lhe permite adquirir matéria-prima em grandes volumes quando há oportunidade. “Procuramos ter entre três e quatro meses em estoque, por questões de qualidade. Sempre compramos o melhor trigo, na melhor condição e na quantidade comercialmente adequada.” De acordo com Valnei, em condições melhores de mercado, a formação de estoques é ampliada para seis meses de consumo.
O ano passado foi um período monótono em termos de preço de trigo, sem grandes oscilações de safras ou de cotações, mas o consumo de farinha no mercado interno caiu. Por esse motivo, a companhia registrou queda no faturamento, que foi diretamente ligada à queda do volume comercializado. No ano passado, o setor de trigo, de modo geral, retraiu-se 1% em comparação a 2016. Nas regiões Sul e Sudeste, a queda foi mais acentuada e oscilou entre 3% e 5%. “Sentimos essa retração nos nossos clientes, o que reflete basicamente a redução do consumo fora de casa”, avalia o executivo.
Com um portfólio de cerca de 50 itens de farinha, gérmen e farelo de trigo, a Anaconda atende a um universo de 9 mil clientes, distribuídos entre indústrias de massas, indústrias de pães e pizzarias. “Conseguimos isso por conta da nossa política de abastecimento. Temos sempre cinco ou seis tipos de trigo, que combinados podem produzir nove farinhas básicas, que combinadas podem produzir 40 farinhas tipificadas”, explica Valnei.
A estratégia de atuação da Anaconda é relativamente simples: ela vai até o cliente, entende a demanda e testa até encontrar a farinha tipificada com código determinado. Já a estratégia de produção é mais complexa. Por isso, as unidades produtoras de São Paulo e de Curitiba (cada uma com capacidade de 1.000 toneladas ao dia de moagem) contam com tecnologia de primeiro mundo.
Arrojada ao investir nos processos industriais, a empresa é conservadora ao lançar produtos, em especial para o consumidor final. Atualmente lidera as vendas para o consumo doméstico no Paraná. Em São Paulo, tem uma boa posição nas vendas para pizzarias. Ainda neste ano, vai lançar uma linha de mistura para bolos para uso institucional. “Pretendemos lançar esse produto também para o consumidor final quando for oportuno”, diz.
A maior parte das compras da empresa é de matéria-prima nacional, entre 60% e 70% . “É um trigo de boa qualidade, via de regra, pois a pesquisa brasileira fez um bom trabalho e o produtor é competente. Mas este ano a safra do trigo está muito comprometida por questões climáticas”, afirma Valnei. Esse é um problema que o setor enfrenta permanentemente. Para ter ideia, entre dezembro de 2017 e setembro de 2018, houve um aumento de 50% nos preços do trigo, que representam 70% do custo da farinha. “E não conseguimos repassar para o varejo, pois o consumo está retraído.”
Apesar de ter se destacado em 2017, a Anaconda encerrou o ano com resultado inferior ao obtido em 2016. “Pagamos o preço da recessão, e não pagamos um preço mais alto por termos conseguido garantir o padrão de qualidade e o nível de excelência no atendimento dos clientes corporativos, que dependeram mais do que nunca de não ter quebras, desperdícios ou produtos de má qualidade na gôndola.” Para o executivo, os resultados não foram piores porque a Anaconda otimizou o sistema de engenharia de farinhas e manteve a obstinação que lhe é peculiar, com a redução de despesas.
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