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plantio-graos-minas-gerais-soja-milho (Foto: Sergio Ranalli/Ed. Globo)

 

Reduzir os índices de fome no mundo é a temática da FAO – divisão de Alimentação e Agricultura da Organização das Nações Unidas – para o Dia Mundial da Alimentação, em 2018, e para sustentar esta discussão são levantadas diversas bandeiras, entre elas, o uso responsável das fontes, como terra e água. Todos sabemos da demanda crescente por alimentos no mundo e que em 2100 teremos uma população estimada em onze bilhões de pessoas, sendo o Brasil um dos poucos países com condições de subsidiar essa demanda, ao mesmo tempo em que almeja produzir mais com menos e de forma ambientalmente sustentável.

No próprio documento que a ONU publicou sobre o Dia Mundial da Alimentação, baseado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, há um pedido de contribuição do setor agrícola, para que sejam adotados métodos sustentáveis para aumentar a produtividade e a renda. Temos terra, água e clima que nos ajudam a produzir o suficiente para alimentar a população brasileira, e ainda ser o terceiro maior exportador de commodities agrícolas, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), ficando atrás apenas de Europa e EUA. A produção mundial de alimentos precisa crescer 70%, os cereais, que são muitas vezes a base da alimentação de diversos países, devem aumentar para três bilhões de toneladas por ano, ante os 2,1 bilhões produzidos hoje, segundo a FAO.

É na terra e na água que tudo começa e termina ao longo de uma safra, eles são complementares, indiscutíveis protagonistas da produção de alimentos."
 

Diante do desafio da segurança alimentar, que resvala em algumas barreiras dentro de uma propriedade rural, os cuidados com água e solo se destacam. Inclusive, estes critérios já foram mencionados pelo representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, como um dos pilares dos desafios da agricultura brasileira. É na terra e na água que tudo começa e termina ao longo de uma safra, eles são complementares, indiscutíveis protagonistas da produção de alimentos. São elementos naturais de uma indústria a céu aberto que permite ao homem fazer agricultura desde o período pré-histórico.

Cuidar da sustentabilidade desses dois elementos é primordial para que haja agricultura, principalmente no Cerrado, onde o agricultor encontra terras com déficit nutricional. Uma das soluções disponíveis para o agricultor é a prática do plantio direto na palha, em que ela fica no solo contribuindo com matéria orgânica e as raízes que permaneceram evitam sua compactação, contribuindo para a absorção de água da chuva, fato que evita a erosão. O processo também contribui para a não disseminação de plantas daninhas.

O plantio direto aliado à rotação de cultivos é uma das práticas mais bem desenvolvidas para que o agricultor tenha controle eficiente de pragas e plantas indesejadas, assim como também melhora as condições químicas, físicas e biológicas de terras agricultáveis.

à medida em que todos cuidarem da nossa terra e da nossa água teremos ainda mais acréscimo na produtividade e com responsabilidade, assim como pede a Organização das Nações das Unidas"
 

Rotacionar cultivos quebra o ciclo de pragas que se desenvolvem em determinadas culturas, podendo até erradicá-las. Por exemplo, na fazenda Nossa Senhora Aparecida, localizada em Água Fria de Goiás (GO), cuidados com o solo e com a água são praticados desde 1995, quando os proprietários se instalaram na região. Hoje, a propriedade faz parte do projeto FowardFarming, iniciativa liderada pela Bayer que promove a sustentabilidade em propriedades agrícolas em todo o mundo.

Com pelo menos cinco reservatórios que guardam água da chuva e uma nascente que fica dentro da fazenda, a preocupação com o uso racional da água se estende pelos 2.700 hectares da área da família Fiorese, que consegue fazer a irrigação de 30% da área plantada e pode iniciar o plantio mais tranquilamente, independente das condições climáticas. Também há bacias de captação de água ao longo das estradas que cortam a propriedade, assim a construção consegue evitar erosões e essa água retorna para o lençol freático.

Instituições como a Apex-Brasil, NAPC – Núcleo de Avaliações de Políticas Climáticas da PUC-Rio e a Sociedade Rural Brasileira realizaram estudos indicando que o Brasil é um dos países que possuem as regras mais rígidas de proteção de Áreas de Preservação Permanente (APP).  Dados do CAR (Cadastro Ambiental Rural) apontam que áreas dedicadas à preservação de vegetação nativa pelos agricultores são maiores que a superfície de qualquer país da União Europeia ou mesmo América Latina, com exceção da Argentina.

Somos um país genuinamente agrícola, nossa história se funde com a evolução da agricultura brasileira. Aprendemos a plantar cana-de-açúcar, passamos pela política do café com leite e até hoje o agronegócio é um dos pilares da balança comercial do País. O Brasil é líder em alguns segmentos, como café e suco de laranja, gigante produtor de soja, milho, algodão, carne bovina e cana-de-açúcar e autossuficiente com a maioria das culturas básicas de consumo interno.

Praticar a sustentabilidade é um dever, está na lei, mas o agricultor que vive da terra e é dependente da “indústria a céu aberto” não é sustentável apenas por obrigação, mas o faz por ter a certeza de que a terra devolve o cuidado que é semeado. Plantamos e colhemos mais de uma safra de vários alimentos ao longo do ano, e à medida em que todos cuidarem da nossa terra e da nossa água teremos ainda mais acréscimo na produtividade e com responsabilidade, assim como pede a Organização das Nações das Unidas.

*Alessandra Fajardo é engenheira agrônoma e diretora de políticas agrícolas e relacionamento com stakeholders da Bayer

Source: Rural

Source: Import Rural

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