O primeiro relatório de intenção de plantio de soja nos Estados Unidos na temporada 2019/2020 só deve ser divulgado daqui a alguns meses, mas o secretário de Agricultura do país, Sonny Perdue, acredita que a disputa comercial entre EUA e China vai reduzir a área semeada.
Em julho, a China impôs uma tarifa retaliatória de 25% sobre o grão norte-americano, o que vem pressionando as cotações da oleaginosa na Bolsa de Chicago (CBOT). O país asiático, maior importador mundial do grão, costumava comprar cerca de um terço da safra dos EUA para alimentar seu enorme plantel de suínos.
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No ano que vem, parte da área de soja deve migrar para milho, beterraba e outras culturas, a menos que os preços da oleaginosa se recuperem, disse Perdue durante o Global Food Forum, promovido pelo Wall Street Journal.
Perdue disse também que os EUA vão continuar pressionando para que o Canadá elimine seus programas de apoio ao setor de lácteos, um dos principais motivos do impasse nas negociações comerciais entre os dois países. "Espero que o Canadá perceba que não vamos ceder na questão dos lácteos", afirmou o secretário. Autoridades canadenses alegam que o programa reduz a contribuição do Canadá para o excesso de oferta global, mas os EUA se queixam de protecionismo.
No mesmo evento, o CEO da Bunge Limited, Soren Schroder, disse que os agricultores vão sentir uma "ressaca prolongada" se disputas comerciais persistirem.
Segundo o executivo, a história mostra que tarifas são ruins para agricultores, e disputas comerciais anteriores contribuíram para que o Brasil surgisse como uma potência na produção de soja. O embargo de grãos imposto pelo presidente Jimmy Carter em 1980 à União Soviética "acabou criando excedentes significativos e um aumento dos estoques que pressionou os preços por muitos anos", afirmou Schroder. "Este é um mundo que está de ponta-cabeça com certeza."
Durante o fórum, ele também se disse surpreso com o crescimento da oposição a organismos geneticamente modificados (OGMs) nos últimos anos. Schroder disse esperar que se chegue a um entendimento comum sobre o que deveria ser classificado como OGM e sobre como a edição de genes deveria ser abordada por órgãos reguladores. Se essas regras não forem sincronizadas, o mundo "pode acabar com barreiras não tarifárias significativas", já que alguns mercados podem impedir a venda desses produtos, afirmou.
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