Pressionados por uma larga oferta no mercado nacional, os preços da cebola no atacado caíram nas principais centrais de abastecimento do Brasil em agosto. A informação está no Boletim Prohort referente a setembro, divulgado nesta quinta-feira (20/9) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A menor variação foi registrada em Fortaleza (CE), de 6,29%. A maior, em Goiânia (GO): 29,2%. Nos demais mercados, a desvalorização da cebola foi de 21,19% em São Paulo (SP), 20,29% em Vitória (ES), 19,64% em Recife (PE), 14,61% em Belo Horizonte (MG) e 11,80% no Rio de Janeiro (RJ).
“A pulverização da produção nesta época do ano contribui para a queda de preços. Os mercados são abastecidos pelas ofertas de vários estados, como na região sudeste, Minas Gerais e São Paulo, na região centro-oeste por Goiás, no Nordeste por Bahia e Pernambuco”, diz a Conab, em relatório.
De acordo com a Conab, pelo menos 30% da oferta de cebolas nos mercados analisados tiveram origem na região Nordeste. A região sudeste representou 42% do volume e o Centro-oeste, outros 20%.
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Nem mesmo o forte aumento das exportações neste ano tem ajudado a sustentar as cotações. De janeiro a agosto, o Brasil embarcou 12,82 mil toneladas do produto, a maior quantidade em três anos. No mesmo período em 2017, foram 2,56 mil. Paraguai e Argentina são os principais destinos.
“Para “enxugar” o mercado, os produtores/atacadistas estão abrindo novos canais de comercialização do produto, exportando a cebola para outros países da América do Sul”, pontuam os técnicos da Conab.
Com a oferta superior à demanda, as importações ficaram paradas. Em agosto, o Brasil comprou 116 toneladas do produto, conforme os dados do governo. Menos que em julho, quando entraram 162 toneladas de cebolas de outros países. Em agosto de 2017, o volume tinha sido superior a 2,3 mil toneladas.
“As importações estão praticamente estagnadas, mesmo porque não existe margem de ganhos dos importadores diante dos atuais níveis de preços”, avalia a Companhia Nacional de Abastecimento.
Para os técnicos da Conab, a expectativa é de pouca mudança do atual cenário do mercado atacadista de cebola no Brasil nos próximos meses. Depende do comportamento das exportações. Mantida uma tendência de crescimento, o produto pode ter alguma valorização.
A oferta elevada de cebola afeta também os preços pagos ao produtor, avalia o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Entre 10 e 14 de setembro, a média foi de R$ 0,20 o quilo, usando como referência Monte Alto (SP). Uma alternativa tem sido exportar o produto em pacotes de 18 quilos, especialmente para argentinos e paraguaios.
Segundo os pesquisadores, em todas as regiões produtoras de São Paulo, os valores estão abaixo dos custos de produção. “Esse cenário levou alguns produtores de São José do Rio Pardo (SP) a estocar o produto. Entretanto, devido ao clima mais quente na semana passada, as cebolas não puderam ficar tanto tempo nas roças, para não ter a qualidade afetada”, diz o Cepea.
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