Ao discursar no Congresso Brasileiro do Agronegócio, em São Paulo (SP), nesta segunda-feira (6/8), o embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Sérgio Amaral, destacou que o Brasil tem, no momento, uma grande oportunidade de se integrar no comércio mundial e se consolidar como um forte exportador.
“Há algum tempo, eu senti que o Brasil perdeu o trem da história. Ele passou e não aproveitamos para fazer certos acordos. Fizemos alguns, mas menores. Então, Donald Trump se tornou presidente dos Estados Unidos e desfez o Nafta e a Parceria Transpacífica. Ele parou o trem. Se corrermos, podemos alcançá-lo”, explicou o embaixador.
Uma das oportunidades é a possibilidade da aliança do Mercosul e a União Europeia. “É um acordo muito importante. Se a União Europeia não aceitar, será um grande erro da parte dela”, disse Amaral. “Porque esse acordo é uma aposta para o futuro. São dois grandes blocos tomando decisões juntos. É muito mais que algumas toneladas de carne a mais ou a menos”.
Amaral afirmou que a guerra comercial travada entre os Estados Unidos e a China é preocupante porque pode atingir indiretamente o Brasil. Mas alertou para a situação que Donald Trump criou para os Estados Unidos. “Cada país que recebe uma sanção comercial dos Estados Unidos responde com outra. China, União Europeia, Canadá… Os americanos estão, agora, com uma série de sanções, e isso já está atrapalhando seus produtores”.
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Esse cenário, alerta o embaixador, cria uma incerteza nos investimentos e causa um recuo na retomada da economia mundial. “A crise é um desafio, mas também pode ser uma oportunidade para o Brasil. Se a China não se acertar com os Estados Unidos, deve procurar a soja brasileira ou argentina”.
Sérgio Mendes, diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, acompanhou a palestra do embaixador e também chamou a atenção para eventuais efeitos da guerra comercial sobre a exportação brasileira de grãos, que tem o mercado chinês como principal destino. “A China depende de soja dos Estados Unidos. Então, eles vão acabar chegando a uma solução. O Brasil não está fechando negócios por conta do frete. Daqui a pouco, eles se resolvem, fecham tudo e vai sobrar pouco espaço para exportamos.”
O embaixador Sérgio Amaral compartilhou sua visão sobre a política externa americana. “Há uma pergunta que é feita: os Estados Unidos estão contra o multilateralismo? Eu acho que não. Eles apoiam quando interessa. Quando não interessa, eles apoiam o bilateralismo e acordos regionais”, disse.
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Amaral alertou, porém, para outra hipótese: que a crítica americana ao multilateralismo é uma forma de negociação. Depois de negociar, é possível que as condições iniciais impostas sejam atenuadas.
“A prioridade da política externa americana é, sem dúvida, a China. Trump pretende segurá-los com as medidas protecionistas. Mas são ameaças que talvez não sejam viáveis”.
O embaixador definiu o presidente dos Estados Unidos como nacionalista, populista e conservador. “Sua maior preocupação, como todos governantes, é a popularidade com seus eleitores. Mas apesar das críticas que recebe, a solidez dele está aumentando.”
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