O avanço da colheita e a redução da demanda no mercado disponível (spot) pressionaram os preços do algodão no Brasil, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em julho, o indicador medido pela instituição apontou recuo de 7,57% na média baseada nos negócios realizados no Estado de São Paulo.
Na terça-feira (31/7), a referência fechou a R$ 3,3303 por libra-peso. Só nos últimos sete dias de julho, a queda foi de 1,24%. De acordo com os pesquisadores, a liquidez está maior nas negociações a futuro. Os negociadores foram ao mercado na segunda metade do mês, quando os preços internacionais apresentaram elevação na bolsa de Nova York.
“A liquidez é maior para entregas nos mercados doméstico e exportação, envolvendo especialmente lotes da safra 2018/19, mas também foram captados negócios com a pluma das temporadas 2017/18 (atual) e 2019/20”, diz o Cepea, em nota.
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Em Mato Grosso, maior produtor nacional da pluma, a colheita da safra 2017/2018 de algodão chegou a 15,52% da área plantada na semana passada, estimada em 782,9 mil hectares pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O trabalho de campo está atrasado em relação ao ano passado, quando a proporção estava em 25,18% de área colhida.
Em boletim divulgado no início da semana, os técnicos indicaram que a maior disponibilidade da pluma tem pressionado os preços no Estado. Na última semana, a queda foi de 1,04%, com a arroba cotada a R$ 105,96. Ainda assim, a cotação está maior do que a registrada na mesma época no ano passado, quando o produto valia menos de R$ 80 por arroba.
“Influenciadas pelas cotações de NY (Nova York) juntamente com o dólar, as paridades de exportação finalizaram a semana com queda de 2,98% para dez/18 e 2,70% para jul/19”, acrescentam os técnicos, lembrando que na semana passada o moeda americana teve desvalorização de 2,56%.
De acordo com o Imea, com o beneficiamento já em andamento, a cultura vem apontando produtividades médias entre 220 e 300 arrobas por hectare. De outro lado, tem sido intenso o trabalho de combate a pragas, como o bicudo do algodoeiro, cuja incidência aumentou nesta temporada.
Ainda no boletim semanal, os técnicos do Imea chamam a atenção para incertezas relacionadas à demanda interna pelo algodão. Usando como referência os dados do Ministério do Trabalho, eles lembram que a indústria têxtil registrou o terceiro mês seguido de perda de postos de trabalho com carteira assinada, especialmente nas confecções.
“Apesar de o primeiro trimestre de 2018 ter exibido saldo positivo, os meses que se sucederam foram marcados pelos cortes no quadro de pessoal, principalmente o mês de junho, que apresentou o pior desempenho do semestre. Diante disso, a situação econômica das indústrias têxteis e o impacto no consumo do algodão demandam atenção para a cotonicultura no segundo semestre de 2018”, diz.
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