O produtor rural precisa preparar os membros de sua família para estruturar uma sucessão na empresa. Essa é a opinião de Sarita Rodas, presidente do Grupo Junqueira Rodas, de Monte Azul Paulista (SP). A executiva participou hoje do Global Agribusiness Forum, na capital paulista, debatendo os desafios para se obter sucesso no campo.
A história de Sarita é uma prova de superação. Ela cursou Direito e sonhava ser promotora, querendo tornar o Brasil um país mais justo. Há dez anos, no entanto, seu pai, Fábio Rodas, faleceu. Foi um duro golpe para a família, pois a filha mais velha de Rodas morreu seis meses antes do seu falecimento.
Como seu pai era o líder do grupo, restaram para Sarita, uma irmã e a mãe enfrentar o grande desafio de comandar uma companhia que atua nas lavoras de laranja, cana e criação de gado. “E essas três mulheres de garra conseguiram se desafiar, frente a um setor que há dez anos era ainda mais comandado por homens”, lembra Sarita, em palestra. “Como no setor agrícola as empresas são familiares, é preciso olhar não apenas da porteira para fora, mas também para dentro de casa”, diz.
Ela comentou que seu pai não havia preparado a família possivelmente por algum preconceito em relação ao papel da mulher no campo. Mas lembrou que olhar para dentro de casa é extremamente importante para o sucesso dos empreendimentos. “Precisamos preparar os nossos filhos, porque o mundo precisa dos alimentos que produzimos”, afirma.
Sarita manteve seu desejo de equidade social, suscitado pelo Direito, mas diz ter encontrado outra forma de colocar em prática. Ela mergulhou no mundo do agronegócio, com grande apoio de sua mãe. E o salto nesse oceano verde foi tão grande que ela não só lidera um dos maiores grupos do País, com 50 anos de atuação, mas também foi eleita em 2016 para compor o Conselho Deliberativo do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a primeira mulher na história da entidade a ocupar esse cargo. “A mulher está cada vez mais no agronegócio”, diz Luiz Roberto Barcelos, presidente da Associação dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).
Na Nova Zelândia há também grande preocupação com a sucessão familiar e o espaço da mulher no campo. Ben Allomes, diretor do Dairy NZ, associação dos produtores de leite do país, explica que 50% dos trabalhadores neozelandeses do campo são mulheres. Ao citar mulheres jovens nesse mercado e a busca por levar educação e treinamentos aos funcionários, ele afirmou: “temos que empoderar a próxima geração.”
Walter Horita, presidente do Grupo Horita e conselheiro da Associação dos Produtores de Algodão da Bahia, concluiu que é preciso nunca se esquecer da essência da agricultura. “E isso corresponde a ter sensibilidade, acumular conhecimento e resiliência. E sentir isso verdadeiramente e não deixar isso apenas escrito em algum lugar, mas sentir.”
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