_O Brasil tem grandes oportunidades de exportação de carne não apenas para a China, mas para todo o Sudeste Asiático, Oriente Médio e África. Esse é basicamente uma aposta de consenso entre os palestrantes que participaram do debate “Consumo de proteína direcionando a expansão agrícola”, no Global Agribusiness Forum (GAF 2018), que está sendo realizado hoje em São Paulo.
Fernando Galletti de Queiroz, CEO da Minerva SA, a maior exportadora de carne da América Latina, explica que enquanto na Europa e na América do Norte o consumo se estabilizou, houve um crescimento de 57% no consumo na Ásia. O crescimento do PIB na China, em sua avaliação, está fazendo surgir uma nova classe média que começa a consumir mais carne e a ter hábitos alimentares mais próximos do mundo Ocidental.
“Vemos uma urbanização crescente na China e uma ocidentalização dos hábitos de consumo na Ásia. Tem um crescimento da classe média nas Filipinas, Indonésia, Singapura e Malásia. Para carne bovina, nós temos acesso a 50% dos mercados importadores. Faltam os outros 50%. Esse é o nosso desafio.”
O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa os segmentos da avicultura e suinocultura, afirma que o setor está atuando forte nessa região. E comenta que, apesar de o Alibaba, o maior site de comércio online da China, vender produtos brasileiros, o governo local ainda impõe barreiras para que o Brasil amplie sua participação no setor de carnes no país. “Há uma infinita possibilidade de ser vender muito lá, porque a China tem problemas hídricos e falta de mão de obra qualificada. Mas pode se colocar todo o tipo de embaraço, que superamos”, afirma.
Marília Rangel, secretária-geral do Conselho Internacional de Avicultura (IPC), avalia que o frango tem muito a crescer na África e Ásia. Pelo fato de ser uma carne sem restrições religiosas, o produto está sendo bem aceito no mundo islâmico que, segundo Marília, é a religião que mais cresce no mundo.
Ela avalia, que tanto no País quanto fora, há muito que se avançar na área da comunicação dos produtos brasileiros. Ela lembra, por exemplo, que há uma forte campanha na China para elevar o consumo de vegetais. “É algo que precisamos prestar atenção em países em desenvolvimento”, diz.
Marília também critica o próprio setor, que parece não conseguir se comunicar com o consumidor de forma clara, no sentido de mostrar as melhores práticas de criação de aves e de sanidade animal.
“Nosso elo de comunicação com o consumidor está quase nulo, há grande dificuldade de transmitir mensagens científicas para a população”, diz. “Usamos argumentos de vendas depreciativas. Carne de frango produzida sem hormônio é um erro, porque não se usa o hormônio. Nós como indústria, como optamos por isso, estamos minando a confiança do consumidor no curto prazo.”
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